Abstract:
La Cuenca Matanza Riachuelo, ubicada en Buenos Aires, es uno de los complejos fluviales más contaminados del mundo. En el área de la Cuenca residen casi 5 millones de personas. El 64% de la población reside en la Ciudad de Buenos Aires y el resto en 14 municipios donde están emplazadas 10.000 industrias. Cuánto más cerca se encuentra la población del río más probabilidades tiene de contraer enfermedades. La  encuesta de factores ambientales de riesgo para la Salud ordenada por la Corte Suprema de Justicia concluye que el 96,44% de la población que habita en la zona se encuentra expuesta a al menos una amenaza ambiental. La creación de la Autoridad Cuenca Matanza Riachuelo (ACUMAR) en 2006 a partir del fallo de la Corte Suprema de Justicia a favor de Beatriz Mendoza y otros, evidencia la presencia de acciones colectivas, conformadas en muchos casos por mujeres, que reclamaron dispositivos estatales que aborden la cuestión ambiental.   Esta ponencia se inscribe en el marco del desarrollo de una tesis de maestría que aborda el rol de las mujeres en los conflictos ambientales de la Cuenca Matanza Riachuelo y en particular su vinculación con las políticas implementadas. Específicamente se abordarán los motivos de involucramiento de las mujeres en procesos de acción colectiva, las estrategias o repertorios de acciones colectivas desplegadas para incidir en las políticas ambientales y si esta participación ha permitido la transformación de los roles de género.     Este trabajo se propone presentar algunos resultados del trabajo de campo basado en entrevistas y análisis de documentos. Se pondrá especial énfasis en la vinculación de las acciones colectivas de mujeres con factores subjetivos, institucionales y estructurales. Es decir, se presentarán algunas respuestas sobre los motivos de involucramiento de las mujeres en espacios de participación tanto social, política y comunitaria en los que confluyen otros actores sociales como asociaciones y fundaciones, movimientos sociales, empresas y gobiernos locales.

Abstract:
El presente trabajo ofrece los resultados de una investigación que aborda las concepciones y valoraciones que posee la población cubana sobre la igualdad de género. El objetivo principal del estudio consistió en identificar los principales avances en materia de igualdad de género y las manifestaciones de desigualdades aún existentes en Cuba, caracterizando los prejuicios, estereotipos y concepciones que posee la población cubana en este sentido. Los resultados obtenidos estuvieron encaminados a identificar las principales desigualdades aún existentes en los ámbitos de trabajo, familia, relaciones de pareja, así como en la esfera social y comunitaria. De igual manera, se exploró la distribución del trabajo no remunerado entre hombres y mujeres y el uso del tiempo. Finalmente se caracterizó la violencia contra la mujer, atendiendo a su frecuencia, prevalencia y principales manifestaciones. La investigación se realizó desde un abordaje cuantitativo, utilizando la encuesta como método empírico fundamental. Para la recogida de información se aplicó un cuestionario entre los meses de octubre y diciembre del año 2016. La muestra utilizada fue de representatividad nacional y comprendió a la población de hombres y mujeres, de 15 a 75 años, residentes en zonas urbanas y rurales. Los datos obtenidos fueron procesados mediante el uso de procesamientos estadísticos-matemáticos. Los resultados preliminares obtenidos fueron analizados teniendo en consideración variables sociodemográficas fundamentales como el sexo, la edad, la ocupación, la región y la zona de residencia de las personas encuestadas. En algunos casos, también se tuvo en cuenta la situación ocupacional, el nivel de escolaridad, la categoría ocupacional, así como el color de la piel. Estos resultados contribuirán a la implementación de políticas públicas, desde varios organismos e instituciones cubanas, encaminadas a deconstruir estereotipos y prejuicios existentes en nuestra sociedad, favoreciendo así la eliminación de manifestaciones de desigualdad y discriminación.

Abstract:
Nas últimas três décadas a luta do povo curdo se notabilizou no interior dos conflitos internacionais. Uma particularidade desse processo é a participação política e militar ativa das mulheres. De forma auto-organizada, o movimento de mulheres curdas passou a ser uma referência da luta feminista ao redor do mundo. A libertação das mulheres não é apenas um conceito baseado no direito. A dominação masculina está para além das instituições jurídico-políticas, se estendendo nos valores e crenças que são reproduzidos no nível do cotidiano. Há que se compreender, como nos mostra a experiência curda, que o combate a essa instituição social deve ser organizado e protagonizado pelas próprias mulheres enquanto sujeito político. Segundo ativistas curdas, todos os movimentos sociais e revoluções do século XX defenderam o direito das mulheres, mas deixaram a solução para após a revolução. Para o movimento curdo a questão das mulheres somente avançará no interior do processo revolucionário e não posteriormente a ele. Se não fosse assim, os valores da nova sociedade forjados na luta revolucionária reproduziriam as vicissitudes da velha sociedade, no que tange a questão do patriarcado. A prova concreta de que os curdos aprenderam essa lição se expressa nas suas formas de organização, que da importância para a autonomia das mulheres. No âmbito da organização militar, foi criado, em 2013, a Unidade de Proteção das Mulheres (YPJ), o grupo foi fundado através da demanda das próprias mulheres e como braço armado do Partido de União Democrática (PYD). Porém, apenas 10% das mulheres estão na luta armada contra o Estado Islâmico da Síria e Levante (ISIL), o restante é dedicado à política e a construir uma nova sociedade. A autonomia democrática é outra ideia central, assim as decisões acontecem a despeito das estruturas dominantes ao seu redor, e lá também o princípio de co-presidência foi aplicado. Assim as mulheres têm garantia à 40% da cota e regime de co-presidência em todas as instâncias decisórias. Contudo, a luta no Curdistão, sendo um um dos conflitos mais complexos e violentos do Oriente Médio em curso, continua à espera de uma solução. Esta, é resultado de um longo processo histórico, suas peculiaridades são fundamentais para sua compreensão e essas devem ser bem definidas, para analise realística do fenômeno, inclusive seus antecedentes políticos e sociais.

Abstract:
Este trabalho tem como objeto a caracterização das ocupações estudantis em curso no Brasil, em especial as que estão ocorrendo no Estado do Rio de Janeiro. Além de descrever brevemente o contexto político e as principais pautas desses movimentos, buscamos também compreender a presença dos debates sobre feminismo nesses espaços. O movimento de ocupações surge em uma conjuntura de crise política e econômica a nível nacional e em resposta as medidas apresentadas pelo governo Michel Temer. Como pautas unificadas dos movimentos de ocupação temos: 1) Contra a Proposta de Emenda Constitucional 55/2016 –  que versa sobre o congelamento dos gastos públicos em várias áreas, como saúde e educação, por vinte anos; 2) Contra a Medida Provisória 746/2016 de reestruturação do ensino médio – que flexibiliza os currículos e, segundo diversos críticos à medida, pode ter como resultados o aprofundamento das desigualdades e o aumento da evasão escolar. Em outubro a quantidade de instituições ocupadas ultrapassou a marca de quatrocentas, a despeito das medidas arbitrárias que autorizaram atos violentos e táticas de tortura para forçar a desocupação. Como metodologia utilizamos a observação participante, realizada em quatro escolas e uma instituição de ensino superior, em diferentes regiões do estado do Rio de Janeiro. Também foi realizada análise de discurso, por meio da consulta a páginas do facebook. Identificamos que entre as questões mais importantes temos: a ebulição dos debates sobre feminismo e o protagonismo feminino na liderança desses movimentos. Em todas as unidades escolares visitadas identificamos uma quantidade expressiva de mulheres participando dos movimentos, assim como liderando esses coletivos. Algumas lideranças femininas ganharam importância no cenário nacional através da difusão de vídeos com manifestações dessas lideranças. Entre os temas mais debatidos nas atividades de ocupação estão as questões de gênero, o feminismo negro e as questões LGBT. Pudemos verificar também que o modo de organização das tarefas das ocupações buscava superar a atribuição de tarefas culinárias ou de limpeza a mulheres e essas eram distribuídas de modo igual independentemente do gênero. O feminismo foi entendido pelos estudantes como um tema que deveria ser abordado transversalmente no projeto pedagógico, o que confronta diretamente propostas conservadoras do congresso brasileiro, onde alguns parlamentares vem defendendo um projeto que negligencia debates dessa ordem através de uma “escola sem partido”. Consideramos que as ocupações estudantis têm se configurado como um espaço privilegiado para a participação política de jovens mulheres militantes e para a construção de outras formas de sociabilidade que busquem a superação das relações de opressão de gênero historicamente construídas. Nesse sentido, o engajamento político neste tipo de movimento possibilita às mulheres maior visibilidade da luta feminista e a busca pela transformação dessas relações através da construção de relações de gênero mais equânimes no espaço escolar.

Abstract:
La prostitución femenina como una de las formas de comercio sexual que involucran a mujeres, gana importancia en la discusión de las ciencias sociales dentro y fuera de Brasil, a partir de la década de 1980 y 90. El abolicionismo y el regulamentarismo que monopolizaron el debate hasta el momento, se enfrentan a partir de entonces a una nueva perspectiva. Identificada con el feminismo y la teoría de la ciudadanía, la perspectiva de la autodeterminación surgieron a raíz de las iniciativas y acciones emprendidas en respuesta a las cruzadas morales provocados en el contexto del VIH / SIDA. Las cuestiones planteadas por los diferentes enfoques implican las interconexiones entre la prostitución y la explotación sexual, la cuestión del turismo sexual, la trata con fines de explotación sexual y la migración ilegal y producen numerosos debates y controversias, observandose gran nivel de tensión en el interior del feminismo. Los datos que subyacen a las ideas presentadas en este texto son parte de la encuesta "La prostitución, sexualidad y derechos: a la vista de las prostitutas", desarrollado en la ciudad de Goiânia (GO) y Fortaleza Ceara (CE), realizada con el apoyo de CNPq. En este texto se analisa las actividades en el ámbito de la prostitución promocionadas por organizaciones colectiva, de la ciudad de Goiânia (GO), con el fin de analizar en qué medida y de qué manera influir en los procesos de construcción de ciudadanía de las mujeres en la prostitución .Se realizaron entrevistas con representantes de 10 organizaciones no gubernamentales en que se ha buscado identificar las concepciones acerca de la prostitución compartidas por las organizaciones, las acciones desarrolladas y las fuentes de financiación de las mismas. Además de la importancia del papel del Ministerio de Salud en la financiación de las acciones, la encuesta mostró que, en la mayoría de los casos, las organizaciones encuestadas convergen con la perspectiva de la libre determinación, con el predominio de acciones de carácter educativo y de promoción de derechos . El sesgo abolicionista también esta presente, guiando las iniciativas de la naturaleza de la salud centrado en la salida de la actividad de las mujeres, considerados como sus víctimas.

Abstract:
  ^{"Encontramos en el feminismo la posibilidad de pensar tales renuncias, una puerta para la fantasía, para concebir la construcción de una nueva cotidianeidad, de una forma humanizada no angustiante, emancipadora" Luciano Fabbri}  Bogotá, la capital de Colombia a lo largo de su historia se ha visibilizado como un territorio que se desarrolla cultural, política y económicamente bajo dinámicas de la creación y reproducción del sistema patriarcal. Como respuesta a esto el movimiento social feminista  ha logrado y continúa contrarrestando la opresión ejercida dentro de la multiplicidad de formas bajo las cuales se manifiesta el poder del  mismo.   En esta ponencia abordaremos la problemática del acoso callejero mostrándola  como una de las tantas  manifestaciones del patriarcado que afecta a mujeres de distintas edades, raza y estrato social, sin embargo en este caso hablaremos sobre la afectación directa en las  mujeres de los barrios pobres de la ciudad. El silencio de la sociedad ante los hechos perjudica la seguridad  y vida de las mujeres   logrando asi  perpetuar la impunidad a través del tiempo , de esta manera se siguen naturalizando los actos de hostigamiento llevados a cabo por familiares, compañeros, amigos y extraños en diferentes contextos, por esta razón emerge  la necesidad de visibilizar y denunciar el acoso que sufre la mujer principalmente en los barrios populares, emerge la iniciativa de organizar , fomentar y apropiarse de espacios culturales ya existentes, también intentando constituir espacios alternativos eligiendo la autogestión  y basándose en la contracultura nace Histeria Riot Grrrl.   Histeria Riot Grrrl, es una colectiva feminista articulada a la  Organización nacional Tejido Juvenil Nacional Transformando a la Sociedad TEJUNTAS, sede Bacatá y al Congreso de los Pueblos Colombia. Esta colectiva se encuentra en la ciudad de Bogotá, organizándose desde el año 2012 dentro del movimiento Riot como alternativa contracultural. Ha confluido con procesos del movimiento social; en medio de este accionar ha logrado la construcción de experiencias y con ello un trabajo territorial de carácter popular y autogestionado a través del cual incide en la vida de las mujeres de la localidad de Engativá, denunciado por medio de las diferentes expresiones del Hip Hop la violencia hacia a la mujer, aportando a los saberes teóricos y prácticos que constituyen la lucha y reivindicación de la mujer y desmintiendo algunos saberes teóricos y culturales.     Esta ponencia surge de la reflexión y de la necesidad de exponer la participación, aporte y acciones llevadas a cabo por la Colectiva Histeria Riot Grrrl viviendo de forma alternativa las calles y rutas de la Capital. Denunciar, manifestar y construir una crítica han sido cuestiones valiosas para visibilizar y transformar los márgenes de lo establecido desde los sistemas de opresión colonial, heteronormativo y capitalista que atraviesa a las vidas de las y los jóvenes y ello nos parece pertinente de analizar como aporte clave para las ciencias sociales. Palabras Claves: Acoso Callejero,Feminismo,Contracultura.Patriarcado

Abstract:
A história dos povos está marcada por mulheres que resistiram e desafiaram o poder instituído e há muitas décadas vêm reivindicando o espaço público - espaço político, institucional e a participação e reconhecimento nos movimentos sociais. Reivindicar o espaço público é um desafio para nós mulheres que devemos, segundo a lógica da dominação masculina, nos restringir aos cuidados do privado. Ser mulher e militante é uma jornada mais do que dupla. Quando a mulher deixa de realizar as atividades tradicionais e históricas, estes problemas começam a se tornar evidentes. Participaram de todas as revoluções, as mulheres. Em Cuba, a Federação das Mulheres Cubanas foi a instituição que representou a mulher na luta por uma sociedade socialista. Na Nicarágua, em 8 de março de 1978, Pérez Vega- torturador, General da Guarda Nacional- foi morto por combatentes da Frente Sadinista de Libertação nacional, a frente deles uma mulher: Nora Astorga. No Brasil, uma mulher, ex militante, Dilma Roussef é pela segunda vez, de maneira democrática, eleita presidente e sofre um processo de Impeachment. Encontramos nos relatos de mulheres militantes sejam cubanas, brasileiras os nicaraguenses, nosso objeto de pesquisa, relatos similares e queixas iguais: a dupla jornada, o cuidado com os filhos, a opressão dos maridos (quase sempre companheiros de luta), o não reconhecimento do status de mulher e da necessidade de lutar pela igualdade de gênero. Sendo assim, o presente artigo se propõe a discutir a militância de mulheres na Revolução Cubana, na Insurreição Nicaraguence e Ditadura Brasileira de 64, a partir de alguns relatos de mulheres que participaram ativamente desses processos. A busca é pela similaridade na construção desses discursos e problematização do machismo/sexismo dentro do campo da militância.

Abstract:
A fim de aprofundar e enraizar uma construção democrática e a participação política das mulheres – em várias esferas e através de diversos mecanismos – as trabalhadoras rurais nordestinas do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE) se entendem e se afirmam como feministas rurais e estão há 30 anos amadurecendo estratégias de auto-organização e transformação social. Excluídas historicamente por múltiplas opressões, as mulheres rurais nordestinas acreditam na formação e incidência política, bem como na multiplicação dos conhecimentos como táticas valiosas para a participação efetiva na sociedade brasileira – e também para transformação dessa mesma sociedade e reafirmação do protagonismo das mulheres rurais nordestinas. A partir de uma diversidade de saberes e de identidades – com o protagonismo de agricultoras, assentadas, quilombolas, indígenas, pescadoras, quebradeiras de coco e artesãs - as mulhres do MMTR-NE planejam e desenvolvem atividades de formação e metodologias criadas por elas mesmas, a fim de garantir um ambiente seguro, onde é possível refletir sobre as dificuldades e opressões que as mulheres enfrentam no seu cotidiano. Essa reflexão partilhada tem possibilitado o fortalecimento e a autonomia das mulheres sobre suas próprias vidas, transformando as relações nas famílias, na comunidade e nos vários espaços que elas vêm ocupando. Além disso, também estão envolvidas em diversas ações de incidência política - como a organização da Marcha das Margaridas, a maior mobilização de mulheres do Brasil, liderada pelas mulheres do campo, da água e da floresta de todo o país. Tendo por lema "mulheres organizadas combatendo mentalidades de submissão", as trabalhadoras rurais nordestinas vêm ao longo dos anos construindo estratégias de empoderamento a partir de princípios como a horizontalidade e a descentralização nas tomadas de decisão, garantindo que o avanço seja coletivo e coerente com o projeto político feminista, agroecologista e anti-racista que acreditam e defendem. São mulheres de diversas idades, raças, etnias e orientações sexuais que constroem o feminismo rural a desde suas experiências e seus contextos. Muitas delas vieram de movimentos mistos ligados à luta pela terra; outras de movimentos de base ligados à Igreja - e em todas o discurso comum de que havia a necessidade de se organizarem enquanto mulheres, a partir de uma perspectiva feminista, e enquanto mulheres rurais, com todas as especificidades que esta categoria abriga. O desafio da organização tem trazido experiências para enfrentamento do patriarcado no meio rural, a exemplo de como tirar as muulheres do espaço de casa e do roçado para a militância; como produzir de forma sustentável e solidária; e como organizar a luta considerando a convivência com os diversos territórios e biomas. As experiências de superação das mulheres do MMTR-NE têm contribuído para a construção de um novo paradigma: feminista e agroecologista.   

Abstract:
O trabalho tem como objetivo demonstrar, através da trajetória do movimento feminista atual, a importância do reconhecimento na luta por direitos. A partir da teoria do reconhecimento, abordarei como a falta de reconhecimento de alguns grupos de mulheres (negras, funkeiras, transexuais, prostitutas, entre outras) por parte de alguns setores do feminismo pode afetar negativamente a sociedade. A importância do movimento feminista não se dá apenas no importante campo da conquista de mais direitos civis, mas também no âmbito das transformações dos chamados novos frames (Tarrow, 2009). Estes frames, ou “enquadramentos”, são peça-chave das transformações mais gerais na forma como os indivíduos enxergam o mundo, grupos culturais e étnicos e, no caso do feminismo, o gênero. O propósito deste trabalho é, assim, demonstrar como alguns preconceitos estão tão arraigados na sociedade que, mesmo dentro dos movimentos sociais, eles podem surgir. Como descreve Tarrow, os líderes dos movimentos acabam por competir entre si na luta por significados. No feminismo, as diversas vertentes que o compõem, disputam internamente sobre quais seriam as interpretações hegemônicas sobre as questões. As identidades, para Taylor (2000), são moldadas pelo reconhecimento, mas também podem ser moldadas pela falta dele, já que o falso – ou errôneo, incompleto – reconhecimento também pode existir. Se as identidades fazem parte de formação dos indivíduos e dos grupos, negar o reconhecimento é, portanto, influenciar negativamente na construção dessas identidades. Assim, o não-reconhecimento das feministas negras e pobres pode resultar em uma série de estigmas, afetando a capacidade de atuação dessas mulheres. É preciso ressaltar que o feminismo não trata de um sujeito universal, já que as mulheres podem ser completamente diferentes e vivem em realidades distintas pelo mundo. Judith Butler afirma os esforços empregados na tentativa de se construir de políticas de coalizão tinham como objetivo dar conta dessas contradições e divergências no interior do movimento feminista, que, para ela, devem ser vistas como constitutivas da organização política, e não como impedimento, a priori, dos diálogos políticos e da luta conjunta entre sujeitos com posições divergentes. A autora critica, fundamentalmente, uma certa visão universalista sobre o que é ser “mulher” que ainda perpassa a atuação do movimento feminista. Em suma, é notório que os binarismos dos quais boa parte da sociedade está refém podem, muitas vezes, estar presentar no interior do movimento feminista, fazendo com que a ausência de reconhecimento continue a excluir um grande número de mulheres dos coletivos políticos e grupos de ativismo social. Assim, pretendo neste trabalho discutir tanto as teorias feministas que podem levar a este processo de não-reconhecimento de uma quantidade considerável de mulheres no feminismo, quanto as consequências desta escolha política para as mulheres.

Abstract:
Desde as suas fases iniciais o feminismo tem atentado para as hierarquias e opressões de gênero geradas a partir da onstrução de um discurso naturalizador da função reprodutiva das mulheres, apontando para o fato de que a maternidade se constitui historicamente como um elemento chave para o exercício da dominação masculina. No entanto, como fruto do próprio avanço das discussões feministas e dos estudos de gênero, surgiu e tem se expandido nos últimos anos um movimento já nomeado como feminismo de mães. Levando-se em conta a diversidade interna, pode-se dizer que o feminismo de mães se articula a partir da especificidade identitária das mulheres mães e que se organiza, de modo geral, em torno de uma busca coletiva por emancipação através da subversão da matriz identitária de gênero que subjuga o feminino desde este lugar do materno. Na aproximação com as teorias de gênero e ainda no diálogo com o feminismo pós-colonial e com o feminismo comunitário; o objetivo central deste trabalho é investigar como mulheres mães articuladas em grupos feministas no Brasil formam comunidades políticas capazes de criar e fazer circular práticas e saberes contra-hegemônicos que atuam na quebra das imposições relativas ao significado e ao exercício da maternidade, forjando novos repertórios para o “ser mãe” como forma de enfrentamento às opressões de gênero.  Ao lado das teorias de gênero, a vinculação ao feminismo pós-colonial se dá pelo reconhecimento dos impactos do poder colonial na subordinação das mulheres e na significação da maternidade; bem como pela perspectiva política de que se faz necessário trazer a tona “histórias alternativas” que visibilizem sujeitos,conhecimentos e práticas apagados pela colonialidade. A aproximação com o feminismo comunitário torna-se relevante por ser esta uma corrente teórico-política que tem como um de seus principais fundamentos a construção de um projeto emancipador para as mulheres baseado na retomada da noção de comunidade, convergindo com o que tem sido construído pelos coletivos de mães.  Para a escuta das vozes dos sujeitos em questão, a proposta metodológica se dá na realização de observação participante dos coletivos selecionados e na realização de entrevistas em profundidade com colaboradoras-chave.    

Abstract:
Más que de una memoria de mujeres, proponemos hablar de una “memoria feminista”. Esta comprensión de la memoria desde un punto de vista feminista, a partir de la conflictividad de dos entes –memoria y pobladoras– que “sólo son y se constituyen en la relación”, nos permite estar vigilantes frente a los riesgos de la totalización y la esencialización. Desde esta perspectiva, la memoria feminista no sólo introduce en la historia un actor y sus experiencias, anteriormente invisibilizadas, sino que reordena el marco histórico, tiñe de otro color la interpretación del pasado y cuestiona el orden epistemológico dominante. En esta ponencia presentamos los avances de una investigación postdoctoral cuyo propósito es explorar la conformación y la transmisión de la memoria afirmativa –entendida como aquella que recupera los aspectos socio-constructivos de las luchas, su carácter germinal de otros mundos posibles– en el caso de las mujeres pobladoras y la incidencia en su quehacer histórico. Articulando el género, la memoria y la subjetividad política, desde una perspectiva interdisciplinaria, que combina los aportes de la sociología crítica con la historia social y los estudios de género, buscamos comprender las memorias colectivas de las mujeres pobladoras organizadas en la historia reciente de Chile (1973-2015). Para ello, partiendo del análisis de los hitos históricos identificados por las pobladoras buscaremos reconstruir sus formas de hacer memoria y la composición interna de ésta. Posteriormente indagaremos en aquellos elementos que conforman lo que hemos denominado su memoria afirmativa, para establecer la relación de ésta con su construcción genérica, como mujer; y con su capacidad de acción sociopolítica antagonista. En este caso, presentaremos específicamente las tensiones que emergen en su memoria entre género y clase, al  tratarse de mujeres de sectores populares, para reflexionar acerca de las particularidades de sus experiencias y del “feminismo popular” que construyen.