14:00 - 16:00 Presentación de PONENCIAS
11. Género, Feminismos y sus aportes a las Ciencias Sociales | 12. Salud, derechos sexuales y derechos reproductivos |
Monday 04/12 | 14:00 - 16:00 | Ciencias Sociales | A2 |
Sexualidade, poder e hegemonia: entre o sujeito e a totalidade (#6275)
Douglas Alves 11 - Universidade Federal da Fronteira Sul.
Abstract:
O debate teórico sobre sexualidade está alicerçado na forte contribuição do feminismo, recebendo diferentes influências teóricas e epistemológicas. Dentre tais influências merece destaque as contribuições do Pós-Estruturalismo e da Teoria Queer, particularmente da obra de Michel Foucault e Judith Butler respectivamente. Se no âmbito dos estudos feministas o aporte marxista teve certa influência, ao menos até meados da década de 1980, nos estudos de sexualidade e populações LGBT essa influência é muito pouco expressiva. Este trabalho pretende apresentar a contribuição da obra do jovem Marx e de Antônio Gramsci para este debate em diálogo crítico com Foucault e Butler. Conceitos como biopolítica e poder disciplinar, bem como performatividade de gênero, podem ser inscritos nos marcos do materialismo dialético, apoiando-se no conceito gramsciano de Estado Integral. Como eixo de análise está o problema do sujeito na sociedade moderna capitalista. Ainda que os debates pós-estruturalista e queer tragam importante aporte ao evidenciar a construção do sujeito como efeito de relações de poder oriundas da cultura, dos discursos e dispositivos políticos, tal concepção parece estar demasiado centrada no sujeito como sujeitado. Sem recusar esta proposição, a formulação aqui proposta busca dar conta deste sujeito como apenas um momento no processo de sua constituição mesma, o sujeito em si. Isso implica em reconhecer a possibilidade de passagem ao outro momento, o sujeito para si. Para dar conta deste processo apresentaremos um breve modelo conceitual no qual os regimes de regulação que determinam a performance de gênero – determinante dos signos de masculinidade e feminilidade, heterossexualidade e homossexualidade – e apoiados na biopolítica e no poder disciplinar foucaultianos, podem ser comportados pelo aporte marxista. Desde uma perspectiva materialista, anti-mecanicista e anti-economicista, é possível identificar na materialidade de dispositivos, discursos e instituições que organizam e impõem, por vezes de modo coercitivo e violento, a performance de gênero a ser adotada, a relação contraditória entre discurso/ideologia/cultura e o indivíduo. Das contradições dessa relação deve-se depreender os momentos concretos de atrito entre o ideal normativo de gênero e as circunstâncias objetivas em que tende a se materializar sobre os corpos. Este é o ponto no qual se pode localizar aquilo que Gramsci chama de aparelhos hegemônicos, situados no Estado Integral ou Ampliado, como aparelhos que materializam e impõem a hegemonia da norma sexual e de gênero sobre os indivíduos. Com isso é possível recuperar a noção marxista de totalidade, situando a sexualidade e o gênero em seu interior e articulando os conflitos que daí decorrem com as relações de poder mais amplas, concretizadas no conflito de classes e no próprio Estado. Isso permite articular o debate sobre sujeito e sexualidade ao debate sobre Estado, classes sociais e emancipação.
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Monday 04/12 | 14:00 - 16:00 | Ciencias Sociales | A2 |
UM OLHAR SOBRE A ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DE MULHERES EM SITUAÇÃO DE ABORTAMENTO EM CONSEQUÊNCIA DA VIOLÊNCIA SEXUAL NO ESTADO DE PERNAMBUCO - BRASIL (#8111)
NADJA CRISTINA DA SILVA AMORIM 11 - Universidade Federal de Pernambuco.
Abstract:
A literatura aponta que o abortamento inseguro, ou seja, sem acompanhamento médico adequado, ainda é uma das maiores causas de morte materna no Brasil, sobretudo na região nordeste do país. O abortamento realizado de maneira insegura pela mulher está pautado, muitas vezes, em julgamentos pessoais (culturais, morais, religiosos e sociais) perpetrados pela sociedade em geral e que a própria mulher compartilha, sendo estes reforçados pelas limitações trazidas pela lei no Brasil e por conceitos pré-estabelecidos, diante da temática do aborto. Atento a esta realidade o Ministério da Saúde no Brasil, vem atuando de maneira intra e intersetorial, ampliando o acesso à atenção integral à saúde da mulher, auxiliando profissionais de saúde na organização de serviços e no desenvolvimento de uma atuação eficaz, devendo esta ser qualificada e principalmente livre de julgamentos. No Brasil, o aborto é considerado crime, exceto nos casos previstos em lei, inseridos no artigo 128 e incisos I, II, III do Código Penal (1940). A pesquisa teve como objetivo investigar em que medida a atenção integral à saúde da mulher em situação de abortamento, proveniente de gestação por violência sexual é efetivada enquanto política pública no estado de Pernambuco. O estudo adotou como metodologia a abordagem de métodos mistos, sendo esta, uma combinação de técnicas qualitativas e quantitativas, que propiciou maior riqueza da análise dos dados. A abordagem de métodos mistos viabilizou a avaliação da efetividade da política pública de atenção integral à saúde da mulher em situação de abortamento, bem como, a construção do perfil dos atendimentos realizados, no período de 2001 a 2015, frente aos diferentes tipos de violência contra a mulher, no estado. O campo de pesquisa foi o serviço de referência estadual, onde dois grupos foram investigados - a equipe multidisciplinar de saúde e o outro composto por mulheres que se enquadravam no perfil do protocolo do Ministério da Saúde para o aborto legalizado. A pesquisa mobilizou referenciais teóricos que versassem questões relacionadas aos conceitos e ciclos de políticas públicas, sobretudo o ciclo de avaliação, além de literatura concernente às políticas públicas de saúde direcionadas à população feminina. A análise dos dados apontou que, apesar dos avanços, ainda hoje, existem importantes entraves relacionados aos valores pessoais dos profissionais de saúde para efetivação da atenção integral à saúde da mulher em situação de abortamento, enquanto lei e avanço político, o que fragiliza as políticas públicas de saúde voltadas para as mulheres. Atualmente avaliar resultados e impactos de políticas públicas através da execução de serviços, programas e projetos têm sido cada vez mais necessário e usual na verificação de avanços e dificuldades das políticas, a fim de orientar na redefinição e implementação de políticas públicas que atendam às necessidades e direitos da população.
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Monday 04/12 | 14:00 - 16:00 | Ciencias Sociales | A2 |
Pode a pesquisadora desejar?: etnografia nos cinemas pornôs de Fortaleza (Ceará/Brasil). (#8165)
Juliana Frota da Justa Coelho 11 - Universidade Federal de São Carlos.
Abstract:
Esta comunicação objetiva problematizar práticas sexuais consideradas dissidentes a partir das sociabilidades nos espaços de cinemas pornôs, conhecidos como “cinemões”, do centro da cidade de Fortaleza, com ênfase no Cine Majestick. Para pensar essas práticas, parto de uma perspectiva geopolítica e situada de pesquisa que problematiza as hierarquias de sexualidade, gênero, desejo e corpo como saberes localizados e parciais, ou seja, imbricados em redes de poder sexopolíticas, privilégios e subalternidades que constantemente são ressignificados e atualizados. Por sexopolítica, entendo as técnicas de normalização e patologização das sexualidades por meio do controle dos prazeres, da (in) visibilidade de práticas sexuais e de desejos, com o intuito de assegurar uma ordem sexual e social que privilegia a heterossexualidade como lei a ser seguida. No entanto, vê-se com Paul Preciado que não existe sexopolítica sem resistências, pois os sujeitos podem se apropriar das normas e técnicas de “normalização” de seus corpos e desejos, agenciando outras possibilidades políticas de subversão de padrões hegemônicos. A sexopolítica, portanto, também diz respeito à circulação dos corpos nos espaços, seus silenciamentos e visibilidades. Ela também se encontra nas arquiteturas de praças, prédios, cinemas e “cinemões”, enfim, penso que se encontra em um ideal de Centro (de Fortaleza, no caso dessa comunicação e da pesquisa de doutorado) que administra a distribuição dos corpos pela cidade. Estar em um campo onde a possibilidade de práticas sexuais é a maior atração, com baixa frequência de mulheres, implica em questionamentos éticos e metodológicos: Pode a pesquisadora desejar em campo? Como o desejo circula no espaço dos “cinemões”? Pode o desejo “pornográfico” fissurar normatividades que dizem respeito aos binarismos identitários heterossexual/homossexual, homem/mulher, espectador/estrela pornô, corpo “que importa”/corpo abjeto? Proponho que, a partir das práticas sexuais consideradas dissidentes que se dão nesse cinemão e em outros cinemões, os referidos binarismos podem ser borrados. O borrar dessas categorias dar-se-ia pelo exercício de desejos considerados pornográficos, obscenos (quem em latim significa fora de cena), estimulados por esses espaços, ou seja, a plateia dos “cinemões” também pode ser palco a partir de agenciamentos corpo-desejo-discurso que visibilizam práticas de gênero, sexualidade, desejo e corporalidade, ao mesmo tempo em que velam tais práticas ou as subvertem. Os sujeitos, portanto, são estimulados a se tornarem cada vez mais visíveis dentro dos “cinemões” (onde o desejo obsceno - que em sua etimologia latina significa fora de cena – entra em cena), visíveis ainda que na penumbra, pois a visibilidade está aí na ordem do desejo considerado dissidente.
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Monday 04/12 | 14:00 - 16:00 | Ciencias Sociales | A2 |
LAQUEADURA VERSUS A EMOÇÃO DO PARTO: MULHERES QUE LUTAM POR DIREITOS REPRODUTIVOS E A LEI FEDERAL BRASILEIRA Nº9263/96. (#8454)
Tatiana Mareto Silva
1;
Pollyana De Souza Sobreira
1;
Marina Oss Pereira 11 - Centro Universitário São Camilo - Espírito Santo.
Abstract:
Com a evolução da sociedade e dos direitos voltados à mulher, ainda hoje, existem vestígios do tempo em que a mulher se limitava a ser mãe e dona de casa, pois, são legados que foram sendo passados de geração para geração. No entanto, a mulher vem se impondo no meio social de maneira gradual, decorrendo daí a importância de lutarem pelos seus direitos. No Brasil, o número de mulheres com idade inferior a 25 anos, que não almejam a maternidade ou então as que não desejam mais do que um filho vem aumentando, assim; elas lutam pelo direito de realização da laqueadura e, por conseguinte pela liberdade de escolha do que acontece com o seu próprio corpo. Em contraponto está a Lei Federal 9263/96, que trata do planejamento familiar e restringe a cirurgia de esterilização voluntária a mulheres com capacidade civil plena e acima de 25 anos, ou pelo menos, com dois filhos vivos. O artigo ter por objetivos analisar o direito de escolha da mulher sobre a realização da laqueadura ou se o médico deve intervir em sua decisão mesmo que esta tenha direitos garantidos por Lei Federal e a possibilidade de arrependimento posterior. Pesquisa exploratória pautada em levantamento bibliográfico. No segundo momento realizou-se uma pesquisa quantitativa, com coletas de dados revelados por meio de questionário estruturado, que foi submetido ao Google Forms e direcionado a mulheres cuja faixa etária compreendia dos 18 aos 35 anos de âmbito nacional. Após a com computação dos dados foi possível verificar que 158 mulheres responderam ao questionário. A aplicação do questionário identificou que 33,3% das mulheres estão na faixa etária entre 22 a 26 anos. A maior parte das entrevistadas não possui filhos. 61,5 % das mulheres acreditam que com menos 25 anos as mulheres podem se arrepender caso se submeta à laqueadura. 97,5 % das entrevistadas afirmam que é um direito da mulher não querer ser mãe e a maior parte delas acham que o médico não deve interferir nessa escolha. Dentro dessa perspectiva, vários são os motivos que podem levar a mulher a escolher o procedimento, dentre eles o desejo de não ser mãe, a vontade de ter apenas um filho, doenças que impedem uma gravidez saudável e oferecem risco de morte para mãe, trauma pela morte de um filho. Contudo, vale lembrar, que por ser um procedimento de difícil irreversibilidade é preciso que a mulher tenha absoluta certeza de sua escolha de modo que evite o arrependimento, cabendo ao médico o dever de orientar a mulher quanto à tomada de sua decisão para que não haja incidência de problemas futuros.
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Monday 04/12 | 14:00 - 16:00 | Ciencias Sociales | A2 |
Sexo, placer y gubernamentalidad: del “empresario de sí mismo” al “pornógrafo de sí mismo” (#8597)
Cristopher Arturo Urbina Yáñez 1;
Claudia Alejandra Calquín Donoso
21 - Instituto de la Comunicación e Imagen, Universidad de Chile. 2 - Universidad Central.
Abstract:
Durante la segunda mitad del siglo XX un hombre que posa en su mansión para una fotografía vestido con su bata, rodeado de sus bunnys, sorprende al mundo desafiando los cánones sexuales de la época. El imperio de Playboy, cuyo origen nos remiten a 1953, se aliará con toda una red de nuevos dispositivos, entre los cuales destaca la aprobación de la comercialización de la píldora anticonceptiva en 1960, para dar paso a una conocida revolución sexual inscrita de las nuevas lógicas de gobierno impulsadas por la Guerra Fría y a una re-elaboración del llamado american way of life. Una situación similar ocurrió en el mundo de habla hispana decenas más tardes, con la “movida madrileña” y los así llamados “destapes” en diversos países sudamericanos una vez finalizados los respectivos regímenes autoritarios, así como también ocurrió en el resto del mundo a partir de la caída del muro de Berlín y la instauración del experimento neoliberal. Siguiendo las reflexiones en torno a la noción del “empresario de sí mismo” que desarrolla el pensador francés Michel Foucault, proponemos un giro conceptual hacia el “pornógrafo de sí mismo” para dar cuenta de una nueva forma de gobernar los cuerpos sexuados en este campo social que toma la libertad como un imperativo ético. Para ello analizamos una serie de producciones culturales desde los ámbitos cinematográficos, televisivo, literarios, publicitarios, hasta las nuevas plataformas de comunicación como lo son las redes sociales y las dating apps. Estas reflexiones nos acercan a lo que las feministas angloparlantes han llamado pornificación de la cultura y, más específicamente, a las nuevas formas de subjetivación que pondrían en tensión la tradicional dicotomía entre “libertad sexual” y “conservadurismo”. Asimismo, nos permite visualizar nuevas formas de gestión política y mediáticas basadas en gran parte en los registros pornografícos que posicionan a la sexualidad como un bien de mercado en una lógica capitalista del deseo que tiende a homogeneizar y estandarizar las experiencias, las agencias y los debates que se establecen a su alrededor.
11. Género, Feminismos y sus aportes a las Ciencias Sociales | 2. Trabajo y relaciones de género |
Monday 04/12 | 14:00 - 16:00 | Ciencias Sociales | A2 |
Diferencias de género en la obtención de un espacio laboral para profesionistas (#0056)
Cándido González Pérez1; Brian Gómez Campos
11 - Universidad de Guadalajara.
Abstract:
El presente trabajo es resultado de una investigación de corte cualitativo mediante el cual se realizaron entrevistas a profundidad a dos grupos completos de egresados de la carrera de Enfermería y de Negocios Internacionales. La cualidad de género es muy importante para la obtención de un espacio laboral y se exponen otras características para explicar con mayor amplitud sobre el éxito en el espacio laboral. Las otras variables que se explican son: el origen social, las expectativas que se forman los estudiantes de primer ingreso, el éxito o fracaso escolar, y los medios económicos de los que se valieron los egresados en su formación profesional. Se utiliza la teoría del Capital Cultural para darle consistencia científica a los resultados obtenidos. Palabras clave: espacio laboral, éxito escolar, género, origen social, capital cultural.
11. Género, Feminismos y sus aportes a las Ciencias Sociales | 2. Trabajo y relaciones de género |
Monday 04/12 | 14:00 - 16:00 | Ciencias Sociales | A2 |
Trayectorias de trabajo entre las comerciantes minoristas organizadas en la Asociación Martha Bucaram (Quito, Ecuador) (#0154)
Lucrecia Saltzmann Gagneten11 - NET/CONICET- GET/FLACSO.
Abstract:
Esta investigación se propone analizar las trayectorias vitales y laborales entre las mujeres de la Asociación de Comerciantes Minoristas Martha Bucaram, ubicada al sur de Quito (Ecuador). Discutimos la concepción de aquellos autores que consideran el trabajo informal como un cuerpo homogéneo de prácticas y que marcan un límite nítido entre lo formal e informal. A diferencia de esto, entendemos que un análisis de las trayectorias laborales de las mujeres en el comercio minorista pone en evidencia la complejidad que subyace en la informalidad donde, más que conceptualización binarias (del estilo formal vs. informal), encontramos superposición y dedicación esporádica a uno y otro campo. Asimismo sostenemos que en el caso de las mujeres, los procesos de informalización demuestran particularidades que se relacionan con la compleja tensión entre el trabajo remunerado y no remunerado. Trabajamos con una metodología cualitativa que incorpora el enfoque de género para el análisis, siendo sus principales herramientas metodológicas la realización entrevistas a las mujeres de la Asociación Martha Bucaram y el relevamiento de fuentes primarias y secundarias.
11. Género, Feminismos y sus aportes a las Ciencias Sociales | 2. Trabajo y relaciones de género |
Monday 04/12 | 14:00 - 16:00 | Ciencias Sociales | A2 |
Perspectivas e limitações no acesso das mulheres ao mercado de trabalho (#0190)
Lilia Montali 1; Stella Silva Telles
11 - UNICAMP - Núcleo de Estudos de Políticas Públicas.
Abstract:
A literatura mostra a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho brasileiro e sua acentuação a partir das décadas de 1980 e 1990. Na década de 2000 a participação feminina se consolida e, nas regiões metropolitanas e áreas urbanas, apresenta taxas cerca de 50% da população em idade ativa, passando a representar quase a metade da população disponível para o mercado de trabalho (PEA). O estudo analisará a inserção das mulheres no mercado de trabalho durante a última década enfatizando o acesso destas ao trabalho não precário, ou seja, aquele formalizado por contrato de trabalho e acesso à previdência social. A proposta tem por suposto a existência de constrangimentos distintos na inserção feminina no mercado de trabalho associada ao gênero e aos papéis familiares que desempenha como atribuições relacionadas à divisão sexual do trabalho ainda vigente e, também, decorrentes da insuficiência de equipamentos públicos de apoio ao cuidado. Tais papéis serão identificados, enquanto aproximação, pela variável posição na família. Os constrangimentos se expressam no perfil comparativamente desfavorável de mulheres com responsabilidade pela família, que são as mulheres-cônjuge e as mulheres-chefe de família, em relação a mulheres em outras posições na família e dos componentes masculinos, através das taxas de participação, ocupação e desemprego, bem como das possibilidades de inserção com vínculos contratuais regulamentados ou precários. Investiga-se como os constrangimentos relacionados aos encargos no cuidado de filhos menores de 10 anos de idade e no cuidado de idosos afetam o acesso a emprego de qualidade pelas mulheres responsáveis pela família. Considera-se a tipologia de arranjos domiciliares onde essas mulheres estão inseridas, a evolução da renda familiar per capita e da escolaridade, comparativamente aos homens adultos e também a evolução os arranjos domiciliares de inserção. A metodologia estatística considerará assim, como variáveis explicativas aquelas relacionadas ao contexto socioeconômico e demográfico, bem como variáveis que apontem para a participação dos membros da família no mercado de trabalho e nos afazeres domésticos, nestes incluindo o cuidado de crianças e de idosos.
11. Género, Feminismos y sus aportes a las Ciencias Sociales | 2. Trabajo y relaciones de género |
Monday 04/12 | 14:00 - 16:00 | Ciencias Sociales | A2 |
O lugar da mulher na marinha do Brasil: Desigualdades na Vila Naval do Recife (#0322)
Tânia Farias Dias1;
Fernanda Fonseca Dos Santos
1;
Lucas Pereira Marroquim
11 - Universidade Federal de Pernambuco.
Abstract:
Desde pequenas, as crianças são socializadas através de uma distinção entre meninos e meninas, em que são atribuídas características aos sexos que restringe o que cada um pode ou não fazer. Através dessas características vistas como “naturais” de cada sexo, socialmente são distribuídas atividades vistas como “de homens” e “de mulheres”, constituindo o que autoras como Helena Hirata e Danièle Kergoat (2007), chamam de divisão sexual do trabalho. Assim, os homens ficam responsáveis pela produção e as mulheres pela reprodução da sociedade, sendo as atividades dos homens dotadas de valor, prestígio social, e maior remuneração, e as das mulheres de pouco prestígio, sendo, muitas vezes, até mesmo não reconhecidas, como é o caso do trabalho doméstico (HIRATA; KERGOAT, 2007). Nas Forças Armadas, tais relações sociais e de desigualdades também aparecem, por se apresentar enquanto um espaço de dominação, se levado em consideração o longo período em que se caracterizou como um lugar totalmente voltado para os homens e a inserção das mulheres ter ocorrido, no Brasil, apenas a partir dos anos de 1980. Ocorrendo além de maneira tardia, não obrigatória como no caso dos homens, e sem considerar as mulheres capazes de desempenhar todas as atividades. Mas sim para livrar os homens de tarefas voltadas para a “reprodução” da sociedade, como em hospitais, ligadas ao cuidado, em espaços administrativos, etc. Considera-se, também, a não obrigatoriedade do alistamento militar para as mulheres como um reforço à ideia de mulheres como força de trabalho reserva nas Forças Armadas. Além da situação da mulher enquanto militar, é importante analisar a realidade das “esposas” dos militares, que na maioria das vezes não conseguem se integrar ao mercado de trabalho e, além de oprimidas pelo fato de serem mulheres, tal opressão é agravada por serem mulheres civis, uma vez que “a mensagem que se transmite é a de que em geral os militares são não apenas diferentes dos civis, mas também, melhores: uma elite, fundada sobre princípios éticos e morais corretos e sãos” (CASTRO, 1993, p.230). Assim, o presente trabalho tem como objetivo analisar as desigualdades entre homens e mulheres na Vila Naval do Recife e seus reflexos na vida das mulheres. Para obtenção de tal objetivo, se desenvolveu entrevistas com moradores de 77 casas das 111 existentes na Vila Naval do Recife, espaço da Marinha destinado a abrigar militares e seus familiares transferidos de outros estados.
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Monday 04/12 | 14:00 - 16:00 | Ciencias Sociales | A2 |
A divisão sexual do trabalho e as desigualdades entre homens e mulheres na arte do barro no alto do moura – Pernambuco/Brasil (#0335)
Fernanda Fonseca Dos Santos1;
Tânia Farias Dias
1; Roberta Bivar Carneiro Campos
11 - Universidade Federal de Pernambuco.
Abstract:
O Alto do Moura, localizado na cidade de Caruaru – Pernambuco/Brasil, se caracteriza como um centro difusor da cultura local, indo além dos limites da comunidade, sendo distribuída em níveis internacionais. Ao pesquisar sobre arte do barro do Alto do Moura, muitos nomes surgem na pesquisa bibliográfica e no próprio imaginário social. Entretanto, a maioria desses nomes que aparecem são masculinos. O que nos leva a questionar onde estão as mulheres nessa produção e se elas sequer estão nela. Através da pesquisa de campo foi possível fazer uma análise da totalidade do bairro do Alto do Moura. E a partir dessa reflexão e submersão no campo, é possível observar que o lugar ocupado pela mulher nessas relações de produção se configura como reflexo do que teóricas feministas chamam de divisão sexual do trabalho (HIRATA; KERGOAT, 2007), em que esta “permite perceber nuanças da exploração capitalista muitas vezes despercebidas devido à naturalização da subalternidade das mulheres nesta sociedade, assim como de papéis por elas desempenhados” (CISNE, 2012). Tal categoria da divisão sexual do trabalho torna possível uma análise sucinta da questão da produção das peças que saem do bairro que, na maioria das vezes, são feitas por homens (considerados artistas e Mestres) e pintadas por suas esposas (que não levam crédito por isso). Mesmo que tenham mulheres com destaque nacional e internacional como Socorro e Marliete, estas configuram-se como exceção, e não uma regra para a questão das mulheres dentro do artesanato. E mesmo que haja a produção do “barro utilitário” são as mulheres suas principais produtoras, o que tende a reiterar papeis sociais de sexo. Nesse sentido, o presente trabalho se propõe a questionar em que medida as desigualdades entre homens e mulheres e, principalmente, a divisão sexual do trabalho estão presente no cotidiano das artesãs, assim como suas produções na arte do barro podem vir a ser uma tentativa de ruptura com o sistema patriarcal.
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Relações sociais de sexo/gênero na indústria calçadista em estudo comparativo internacional (#0367)
Maria Lúcia Vannuchi 11 - UFU - Universidade Federal de Uberlândia.
Abstract:
O presente texto apresenta resultados parciais de um projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido como estágio Pós-doutoral no Centro de Estudos Sociais – CES da Universidade de Coimbra, inserido no campo de gênero e trabalho. Analisa, em comparação internacional, a divisão sexual do trabalho na indústria calçadista, no contexto da acumulação flexível do capital, focalizando o setor a partir de pesquisas empíricas que estão sendo realizadas nos centros produtivos considerados, por sua relevância, respectivamente, a capital brasileira do calçado masculino (Franca/SP) e a capital portuguesa do calçado (São João da Madeira). Focaliza as condições materiais de trabalho na produção calçadista nos referidos centros produtivos, suas relações sociais de sexo, bem como a dimensão simbólica das representações e subjetividades nela construídas. Tem-se como pressuposto a centralidade social do trabalho no atual contexto societário; a compreensão de que as classes sociais, ainda que metamorfoseadas, dispersas, fragmentadas, são estruturantes das relações sociais, e que não se pode falar de uma classe universal, posto que ela é heterogênea e na sua existência real, traz interseccionais marcas, dentre outras, de gênero, raça/etnia que expressam relações de poder. O sistema de acumulação flexível tem se valido de tal heterogeneidade - no caso ora focalizado neste texto, das diferenças sexuais e de gênero entre seus/suas integrantes - para intensificar a exploração e o controle exercido sobre a totalidade dos/as trabalhadores/as. Hirata considera que para se apreender o atual mundo do trabalho é necessário atentar para a divisão social, internacional e sexual deste, que de forma peculiar, procede a adaptações às características socioculturais e históricas de cada país, de cada região. Neste sentido vem sendo desenvolvida a presente pesquisa de campo nos centros produtivos calçadistas de Franca/BR e São João da Madeira/PT, por meio da observação sistemática dos espaços fabris selecionados, e de entrevistas semi-estruturadas, com trabalhadores/as e gestores/as de algumas fábricas representativas do setor.